Natualmente Sobrenatural, excelente trabalho de Samuel Mizrahy

Nascido em Belo Horizonte, Samuel iniciou seu envolvimento com a música ainda na infância. Aos 10 anos, já fazia parte do grupo “Louvores da garotada”. Anos mais tarde o cantor mineiro fez parte do coral El Shamah, da Igreja Batista da Lagoinha. A experiência no coral o ensinou a importância do arranjo vocal e o compromisso com a harmonia

Já em 1997, Samuel se juntou aos amigos Nívea e Gustavo Soares entre outros para criar o “Muito Mais”. O grupo foi destaque no cenário nacional ao unir gêneros como o pop, soul e black music à letras de adoração e intimidade com Deus. Ao lado do “Muito Mais”, Samuel Mizrahy fez diversas apresentações em todo o país, conquistando admiradores e, sobretudo, fazendo grandes amizades.

Samuel acabou indo morar em São Paulo. Foram apenas seis meses, mas o suficiente para fazer grandes e importantes alianças. Foi morando na capital paulista que conheceu André Calore que viria a ser produtor de seu primeiro trabalho solo.

Com o fim do “Muito Mais” ele passou a se dedicar a dar aulas de canto, compor e trabalhar como produtor musical. Paralelo a isso, aproveitou para terminar o curso de Publicidade & Propaganda no Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH e chegou ao altar, casando-se com Ádila Karina Neves, filha do Pr. Jonas Neves, ex-pastor da Igreja Batista da Lagoinha e atualmente pastoreando a Igreja Batista do Povo em São Paulo capital.

Seu primeiro álbum solo, denominado 70X7 foi uma referência a Mateus 18:21-22. Além da questão bíblica, o título do cd também foi uma homenagem a música da década de 70.

Em 2008 o cantor lançou seu segundo disco. Naturalmente sobrenatural também foi produzido pelo amigo e produtor André Calore. As 12 faixas contam com a participação especial de Pregador Luo, André Valadão, Ádila Mizrahy e Leonardo Gonçalves.

Assim como 70x7, seu novo trabalho é um cd de black music com influências da música popular brasileira. São músicas para dançar, refletir e curtir com estilo e identidade própria. Destaque para os arranjos e para a qualidade das letras amparadas por fundamentos bíblicos.

A faixa título é bem dançante. Traz uma pegada swingada, alusiva aos anos 70, além dos versos do rapper Luo. Somzeira!

Fortalece é um soul de primeira qualidade com harmonias elaboradas e melodia belíssima. Destaque para o naipe de metais que preenche o arranjo com clusters e para a condução de vozes do piano rhodes.

Este é o meu coração é um hino de contrição e entrega. A linha melódica lembra um pouco a canção “Meu respirar” do Vineyard. Seus versos tem muita intensidade e conta ainda com um belo solo de guitarra no turn around final.

O pastor André Valadão marca presença em Amado. O louvor tem uma levada mais cadenciada e é uma bela oração de engrandecimento a Deus.

Dando seqüência a este momento mais contemplativo entoamos Eis me aqui que trata sobre quebrantamento. Destaque para a mudança de dinâmica a partir do meio da canção. Contagiante.

Melhor Te conhecer traz a levada dançante da nossa MPB, lembrando os discos antigos de Djavan ou os atuais de Jorge Vercílio (espero que entendam que quando cito músicos seculares ou evangélicos, não estou fazendo comparações, mas criando referências para que o leitor do review possa se localizar). Somzeira!

Mais traz de volta o balanço do soul presente nas duas primeiras canções. Mais uma vez o naipe de metais se destaca mesclando recursos de clusters com montunos latinos.

Aproveito aqui para comentar que as estrofes do repertório são muito bem estruturadas e os refrões são altamente envolventes, com melodias, não só belas, como de fácil assimilação.

A seguir temos uma marcante interpretação piano, voz e bateria (com vassourinha) com intervenções melódicas do sax. Quero voltar conta com uma execução do piano que dispensa comentários.

Após a vinheta Belo Horizonte ouvimos a cativante Meus versos que traz uma letra recheada de poesia e conta com a participação de Leonardo Gonçalves. Destaque para o clima pop-rock do final.

Sua esposa, Ádila Mizrahy, divide os vocais de Toma o Teu lugar que é outro momento de reconhecimento da soberania de Deus.

Fechando o repertório temos Bendito que retrata bem a proposta do trabalho que é um cd de black music com influências da MPB. Os timbres do arranjo lembram o “Manual prático de Ed Mota”, com uma diferença fundamental: o hino versa sobre Jesus, autor e consumador de nossa fé. O hino fecha o set list com chave de ouro. Somzeira!

Ao lado de João Alexandre, Leonardo Gonçalves e Álvaro Junior, entre outros, Samuel pode ser considerado como um dos ótimos poetas dessa nova geração. Seu trabalho une a adoração espontânea dos mineiros com os grooves dançantes dos paulistas e confirma o cantor como representante da nova safra de ministros de adoração do Brasil.

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Samuel Mizrahy