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Confira nosso bate papo com Marcelo Rebello, idealizador do Salão Internacional Gospel

Redação em 04/03/13 2293 visualizações
Há dois meses do II Salão Internacional Gospel, Marcelo Rebello, Diretor Executivo do Grupo MR1, realizador do evento, fala em entrevista exclusiva para o Supergospel sobre fé, comprometimento com Deus, visibilidade dos evangélicos na mídia, mercado, alianças e avivamento. Além de falar sobre as novidades da Feira em Abril de 2013. Confira na íntegra a entrevista:

São 18 anos de trabalho dentro do mercado cristão, é isso mesmo? Fale um pouco sobre Mazza e Rebello, da MR1 e de como começou essa história...

MR1: Sim, de trabalho, são 18 anos já... Sendo que a MR1 tem 12 anos de história como agência segmentada para o mercado gospel (fomos os primeiros). A Mazza (minha esposa, companheira de ministério e sócia) é neta de missionários americanos e filha de pastor americano, formada em jornalismo e cinema no Rio de Janeiro, trabalhou como jornalista no Jornal "O Globo" e, ao vir para São Paulo, iniciou sua jornada profissional no meio evangélico por opção na Revista "Eclesia", passando depois pelos principais veículos de mídia cristãos, trabalhando como assessora de imprensa de grandes nomes da música Gospel e grandes eventos do setor.

Eu nasci em São Paulo, me converti aos 9 anos de idade, tendo sido ordenado ao pastorado em 1990, na Igreja Assembleia de Deus e hoje somos da Igreja Batista. Também sou filho de bispo. Formei-me em Jornalismo e Publicidade e após estudei Teologia. Estudei Design em Milão, Gestão de Negócios em Madrid e Marketing em Barcelona. Montei a minha agência para o mercado de varejo e corporativo em 1992.

No mercado evangélico meu primeiro trabalho remunerado foi a padronização visual de uma igreja em 1986 (rsrs). Sou músico (contra-baixista) o que me permitiu participar ativamente de todo este movimento de expansão e consolidação da música Gospel no Brasil. Toquei em muitas igrejas em uma época em que não se podia nem sequer tocar bateria e o rock era visto como ritmo satânico... Participei de momentos memoráveis como as célebres reuniões no Tio Cássio, os cultos de evangelismo às segundas-feiras na Renascer Lins, as Terças-Gospel no Dama Xoc e muitos outros eventos que só quem é do meio vai entender como foi difícil e custoso chegar onde chegamos hoje.

Hoje qualquer um se acha no direito de querer tirar a sua fatia no bolo, mas só quem vivenciou o Evangelho nos últimos 30 anos pode dizer com certeza: “Pagamos um alto preço!”. Na verdade, minha história e a da música Gospel se confundem e estão intrinsecamente ligadas, afinal, foi por meio da música que pude conhecer a Jesus Cristo e ser batizado em 1981... Quando conheci a Mazza e resolvemos formar a agência MR1 (que quer dizer Mazza + Rebello + 1 como símbolo de Jesus Cristo em primeiro lugar nas nossas vidas), tivemos o privilégio de poder auxiliar ativamente na construção de novos conceitos e ideias que ajudaram a melhorar e contribuíram no aprimoramento da forma de se fazer comunicação e marketing no setor Gospel. Hoje nossa empresa mantém um relacionamento saudável com todos sem ter um vínculo com nenhuma denominação específica, o que ajuda a fazer o trabalho de forma independente, sem privilegiar a alguma gravadora ou empresa em especial.

Como surgiu o Salão Internacional Gospel? Qual foi a motivação? Enfrentaram dificuldades em algum momento?

MR1: O fator determinante para pensarmos em fazer um evento como o Salão Gospel foi a questão espiritual. Consultamos a Deus, pedimos orientação a Ele e perguntamos “Senhor, estamos aqui para ser usados como instrumentos na Sua obra. Estamos sentindo uma forte vontade de fazer algo diferente para o seu Reino, mas precisamos da confirmação vinda do Seu coração! Não queremos fazer nada de nossa própria carne, mas sim algo que venha resgatar a espiritualidade no meio do povo que se chama pelo Seu nome... Ajude-nos a entender a Sua vontade para as nossas vidas!”. Foi aí que o Senhor falou conosco de uma maneira específica, confirmando tudo aquilo que Ele mesmo tinha colocado em nossos corações.

A idéia nasceu em 2009... Percebemos que o mercado cristão tinha a necessidade de novas opções e novos caminhos para a exposição de produtos e serviços. Primeiramente, pelo formato existente, que já não atendia a demanda de convivência harmoniosa entre editores e gravadoras... em segundo lugar, pelo fato do crescimento da Música Gospel no Brasil, o próprio mercado sinalizava positivamente para ter um evento com um formato mais moderno e criativo, onde se pudesse ao mesmo tempo fechar negócios com tranqüilidade e ter momentos de performances e apresentações musicais e sem perder o foco espiritual.

Durante 18 meses fizemos pesquisas e estudos mercadológicos profundos, onde levantamos todos os dados estatísticos (reais) e todas as possibilidades de aprofundamento de conceito, onde pudemos diagnosticar precocemente as tendências de mídia e de investimentos no setor. Isto possibilitou um novo formato, um conceito realmente inovador, onde pela primeira vez uma feira cristã tinha uma área de exposições mais 6 auditórios funcionando simultaneamente, tornando possível uma programação onde houve já na primeira edição além dos estandes, uma grande gama de eventos paralelos, como congressos, seminários, apresentações musicais, de dança, teatro, o primeiro grande festival gratuito para novos talentos, uma exposição cultural que contou a história da Música Gospel Brasileira e o principal: um ambiente limpo, organizado, estruturado e com padrão de qualidade excelente.

Para uma primeira edição de feira cumprimos o objetivo e superou as nossas expectativas. A exposição de mídia foi excelente e o Salão Gospel conseguiu mostrar que é possível se fazer um evento profissional, focado e com qualidade sem perder a essência espiritual de disseminação do evangelho e dos valores cristãos e da família! Foi muito bom sentir a presença de Deus nos corredores e nas ministrações, pessoas chorando, sendo tocadas... O clima cristão, pessoas conversando, sorrindo, se abraçando. Muita coisa maravilhosa. O Espírito Santo esteve ali.

Houve muitas dificuldades, sim! Ufa!!! E como houve: fomos perseguidos, caluniados, difamados, teve gente pagando na grande mídia para derrubar nossas pautas (já de olho em investir no segmento no futuro). Disseram que a feira não ia acontecer, que era “golpe”, etc, etc, etc... Confesso que tiveram comentários que muitas vezes nos aborreceram, principalmente pelo fato de terem sido ditos por pessoas que se diziam nossos “irmãos” e que se auto-proclamam como cristãs! Mas, nada disso nos abateu... Serviu para mostrar quem era quem... verdadeiros amigos e os verdadeiros cristãos, pois na hora da adversidade é que podemos conhecer verdadeiramente quem estão nas fileiras celestiais. Minha postura quando isso acontecia sempre foi orar a Deus e entregar tudo e todos nas potentes mãos de Nosso Senhor Jesus Cristo! Só ele pode nos julgar e só a ele cabe o juízo perfeito, não me cabendo julgar ou rivalizar com quem quer que seja. Cada um dará conta de si mesmo e do que fizer no Grande Dia: ali ninguém escapa!

O Salão Internacional Gospel além do foco espiritual é uma feira que dá muita ênfase a cultura. Música, cinema e teatro têm presença marcante no evento. Porque escolheram esse caminho? É possível falar sobre uma cultura gospel?

MR1: Em primeiro lugar, é bom frisar que não escolhemos este caminho especificamente. Foi um processo natural, as coisas foram convergindo para isso devido as próprias necessidades do setor. Cultura Gospel nada mais é que o ajuntamento de todas as informações e conceitos inerentes ao povo cristão, organizados de forma sistemática e informativa. E este é o perfil de nosso trabalho: resgatar a história, enaltecer os valores cristãos, incentivar o retorno às raízes bíblicas e aprimorar o relacionamento familiar e eclesiástico, estimulando a troca de experiências e informação por meio da feira, das exposições culturais, dos congressos e seminários que possibilitam aproveitar a presença das mídias, artistas, formadores de opinião e profissionais presentes. Os fóruns de debates e palestras são feitas de forma segmentada e visam capacitar e edificar o corpo de Cristo em todas as suas necessidades.

É um longo caminho a ser percorrido, ano a ano, mas que com a graça de Deus iremos alcançar frutos duradouros a médio e longo prazos. Sim, é possível se falar em Cultura Gospel. Assim como outras religiões, o cristianismo tem seus valores, seus hábitos, seus pensamentos, suas doutrinas e preceitos exclusivos... o diferencial principal, no entanto, é a necessidade de se fazer as coisas dentro de uma ética e um padrão bíblicos. Não podemos deixar o mundo entrar na igreja, pois no original grego, Eclésia quer dizer “sair para fora”, no sentido de um grupo que leva a mensagem de Cristo para todos!

A MR1 realiza o evento e a multinacional Feira Milano conhecida por sua experiência em realizações de feiras internacionais organiza o evento. Existem diferenças entre fazer uma feira evangélica e uma laica?

MR1: Se formos analisar no contexto humano apenas, de negócios, diria que uma feira é sempre uma feira. Tecnicamente não há diferenças e o know-how de nossos sócios veio a somar positivamente no nosso projeto de uma maneira espetacular. Nós somos responsáveis por todo o conteúdo e o relacionamento com o mercado e a imprensa. Eles são responsáveis por toda a estrutura e organização da feira. São pólos que se completam e que trazem consigo todo um fator positivo. São cristãos fazendo uma feira cristã. E profissionais tarimbados organizando uma feira com padrão internacional.

O diferencial entre uma feira evangélica e uma laica está exatamente no conteúdo: a laica visa apenas o fomento de negócios e fortalecimento do setor. A evangélica além de tudo isso tem a obrigação de ampliar o acesso à mensagem do Evangelho e auxiliar no aprimoramento, capacitação e edificação do Corpo de Cristo. É uma feira para Deus! Não pode ser feita apenas com intuito de “agregar valor aos acionistas”, isto é leviano! Não podemos ser vistos como “um povo como outro qualquer, um novo nicho a ser explorado”.

Tem que ter comprometimento com a Palavra de Deus e com os padrões éticos e valores espirituais. E isso só é possível se houver uma diretoria cristã a frente do evento! Não adianta nada contratar meia dúzia de profissionais evangélicos, mas ter uma essência mundana... Aí é que está a diferença do trabalho que estamos desenvolvendo. Primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, as demais coisas estão sendo acrescentadas de acordo com a vontade de nosso Senhor. Não adianta mascarar a coisa toda, quem tiver o mínimo de espiritualidade percebe logo as intenções.

Em 2011 o Salão Internacional Gospel foi a primeira feira evangélica a ficar em horário nobre em rede nacional no SBT por 2 meses seguidos, atingindo a vice liderança isolada todos os domingos. Grandes nomes da música gospel estiveram lá. Como foi essa experiência?

MR1: Foi uma experiência bastante positiva. Foi a primeira vez que uma grande emissora apostou em nosso segmento e os resultados vieram em forma de pontos no Ibope. Isto abriu as portas para que as outras emissoras começassem a inserir evangélicos em sua programação. Mas, o principal foi a mobilização em torno do que estávamos fazendo, as redes sociais, a mídia toda. Era uma novidade e tanto, e todos queriam saber o que estava acontecendo... Muitos cantores foram abençoados pela iniciativa e puderam mostrar o seu trabalho no programa sem ter que pagar jabá, não ganhamos um centavo sequer com isso (pelo contrário, investimos) e vimos muitas vidas abençoadas. Conseguimos falar de Cristo e utilizamos o espaço com equilíbrio, sem apelação. Foi muito bom. É sempre muito gratificante quando os resultados espirituais aparecem junto com os resultados materiais. Faz tudo valer a pena!

Na MR1 os dois representantes do grupo são cristãos evangélicos e jornalistas. Como vocês analisam a presença dos evangélicos na imprensa nesses últimos dois anos?

MR1: Se por um lado o crescimento de pautas e matérias sobre os evangélicos é uma realidade, por um outro, a forma que este espaço está sendo utilizado é bastante preocupante. Falta, muitas vezes, um profissional de comunicação capacitado para orientar os músicos e, principalmente, as lideranças sobre como se portar diante de uma câmera ou microfone. E não é de se estranhar, pois o mercado Gospel cresceu muito e a carência de mão de obra é notória. Até mesmo as grandes empresas têm penado neste campo! Há um deslumbramento por parte das pessoas, uma crise de vaidade onde cada um quer aparecer mais que o outro e o que menos tem aparecido, por incrível que pareça, é o Senhor Jesus Cristo!

Vivemos uma época que são muitas estrelas para pouco céu. Perde-se a oportunidade de falar do amor de Cristo e muitas vezes transformar uma pessoa por meio da mensagem de fé e esperança. A prioridade tem sido, infelizmente, os shows e aparições comerciais, visando o merchandising de algum festival ou gerar visibilidade em cima de temas polêmicos, onde os protagonistas são os gritos, trejeitos, clichês, frases decoradas e saídas caricatas. A TV virou uma grande vitrine por onde desfilam os pregadores e músicos enlatados. Precisamos de um novo avivamento, de uma nova geração de adoradores que tenham compromisso com Deus e não sejam covardes na hora de falar a verdade em Rede Nacional. O fim está próximo, precisamos de Soldados para essa batalha espiritual! Acreditamos numa nova geração que pode ser melhor do que a nossa!

Do ponto de vista espiritual, o que se ganhou e se perdeu com o crescimento dos evangélicos. Fé e holofotes combinam?

MR1: Como estava falando, do ponto de vista espiritual, estamos vivendo um momento em que há uma inversão de valores e de prioridades, e isto com certeza tem causado sérios danos à espiritualidade das pessoas. O evangelho é pautado, em sua essência, pela simplicidade da mensagem. O que ocorre é que hoje em dia os holofotes têm feito com que cristãos troquem uma chance valiosa de falar da mensagem de fé que traz a vida eterna, por uma mensagem enlatada no teleprompt em que o rótulo é de purpurina e o objetivo é agradar a todos. Um evangelho light, sem gordura, apagado e insosso... E isso conflita com a vocação de ser “sal da terra e luz do mundo”. Quantidade não é sinônimo de qualidade. Muitos estão, mas não são. O grande desafio é equilibrar a necessidade de divulgação da mensagem sem pervertê-la em troca de um flash em horário nobre! Cadê o sabor do evangelho que transforma?!?

Como foi o primeiro Salão Internacional Gospel em 2012? Podem fazer um balanço?

MR1: Foi muito bom. Se comparado às outras primeiras edições de feiras cristãs, não há o que dizer. Foram 3 dias intensos, onde estiveram reunidos cantores, bandas, pastores, músicos, empresários, membros, livreiros e muitas outras pessoas. Foram mais de 200 apresentações musicais, houve teatro, dança, festival de novos talentos, palestras. Homenageamos algumas pessoas que contribuíram para a divulgação do evangelho. Foram momentos de comunhão, aprendizado, interação. Negócios também foram fechados, muitas pessoas conseguiram vender produtos e serviços, prospectar novas frentes de trabalho, muitas parcerias nasceram na feira e estão dando frutos até hoje.

Muitos cantores e bandas que fecharam agendas e eventos por meio de contatos na feira, onde tiveram sua visibilidade e de seus ministérios ampliados. Recebemos muitos e-mails de pessoas que foram abençoadas e de vidas que foram transformadas pela mensagem de Cristo. Enfim, foram dias que ficarão cravados na memória das pessoas que por ali passaram. A estrutura e a organização foram muito elogiadas e o formato inovador (feira+congressos e seminários) foi bastante comentado e está sendo até mesmo copiado pelas outras feiras que estão pipocando por aí, o que mostra que estamos no caminho certo. Mas, para mim, o principal de tudo isso é que a presença do Espírito Santo de Deus foi sentida nos corredores e auditórios, permitindo a comunhão entre irmãos. Esperamos que eles copiem isso também...

Dentro do Salão ocorreram eventos paralelos e declarações que deram o que falar. Como a exposição que contou a história da música gospel brasileira, a palestra do grupo Voltemos Ao Evangelho Puro E Simples e fortes declarações dos Pastores Jaime Kemp e Adhemar de Campos sobre a realidade dos evangélicos e da música gospel brasileira. Podem comentar sobre isso?

MR1: A Exposição Gospel Memórias – Dias que não voltam mais, contou em painéis a história da música cristã, resgatando alguns valores que os levitas haviam esquecido e homenageando grandes servos de Deus que suportaram as lutas dos primórdios da Música Gospel e abriram a frente para que a geração de hoje pudesse desfrutar da liberdade e exposição atual na mídia. Grandes eventos também foram lembrados. A palestra do Reverendo Paulo Siqueira foi bastante esclarecedora, sendo que foi a primeira vez que um evento evangélico abriu um espaço democrático para a discussão saudável de ideias e ideais. Os pastores Jaime Kemp e Adhemar de Campos são ícones de nossa crença e suas declarações nos levam a refletir sobre os caminhos que os evangélicos têm tomado e onde poderão chegar. Foi muito bom poder ser um canal para que tanta coisa positiva pudesse acontecer em tão pouco tempo. É isso que estamos procurando: um espaço onde as pessoas possam sociabilizar, progredir, expor ideias, aumentar a cultura e fomentar negócios de forma responsável, com o foco correto.

Durante anos existiu a Expocristã em São Paulo, em 2011 nasceu o Salão Internacional Gospel, em 2012 a FLIC e agora falam da FIC. O que acham sobre o aparecimento de tantas feiras? É uma tendência e um bom negócio ser evangélico? Consideram essa concorrência saudável?

MR1: O mercado é grande, comercialmente a concorrência é saudável desde que seja feita da forma correta, ou seja, cada um fazendo o melhor que pode e procurando alternativas para satisfazer as necessidades do segmento em que atuam. O problema é quando a coisa descamba para a rivalidade e deslealdade, Nosso foco tem sido falar sobre o Salão Gospel e sobre o que ele representa para o setor e para a sociedade brasileira como um todo. Procuramos destacar nossos diferenciais, nossa estrutura, nossa missão enquanto cristãos comprometidos com o Reino de Deus, evitando embates com outras feiras e procurando contribuir positivamente para o crescimento do mercado.

O desenho do segmento cristão hoje é muito óbvio: a feira mais antiga está em decadência já há anos, e o formato começou a não atender o mercado em termos de resultados para os expositores, isto abriu um processo natural de segmentação do setor, onde a FLIC acabou sendo uma nova opção para o mercado literário, feita pela ASEC que é a associação que representa os editores e o Salão Internacional Gospel uma opção para o setor de música, instrumentos musicais e acessórios, bem como o fomento a cultura e capacitação, o que acabou atraindo também a atenção das editoras pelo perfil de seus visitantes, que são profissionais da música e da arte, pastores e líderes, lojistas, livreiros, empresários e a família cristã como um todo, feita pela MR1 e organizada pela Fiera Milano, com apoio de entidades como Ordem dos Músicos, Sindicato dos Empresários Artísticos, Sindicato dos Músicos, Conselhos de Pastores, Associação de Livrarias Evangélicas, Embaixada de Israel, entre outros.

A empresa que organiza a feira mais antiga de São Paulo lamentavelmente acabou fazendo alianças erradas, abrindo portas e revelando dados que eram só nossos, dos filhos de Deus e de todos que amam o Reino, para o devorador em troca do sonho da visibilidade. O que não aconteceu! O outro lado ficou encantado ao ver o tamanho do mercado, a audiência que poderiam conseguir e a inocência de muitos “cristãos”, então se apoderam de informações e mão de obra, lançando sua própria feira e “dispensando” os serviços deles. Isto ocasionou a entrada de uma “nova feira” como uma rival no próprio mercado, o caso virou pessoal e é uma briga deles, não é minha e não tenho nada a ver com isso. Nenhuma emissora de origem espírita vai entrar no mercado com a intenção de assumir a causa evangélica, isto é uma utopia. Eles querem aumentar a audiência e conseguir mais dinheiro para financiar os projetos deles.

Quem é profissional de imprensa sabe como funciona isso. Quando passar a “onda do gospel” é que são elas. Espiritualmente, não sei onde isso pode chegar... Bem, quem tiver compromisso real com Deus e quem contribuir efetivamente e eficazmente para o resgate dos valores cristãos na sociedade brasileira certamente permanecem... Nada disso me preocupa, pois nem uma só folha da árvore não pode cair se não for a vontade permissiva de Deus. É uma boa oportunidade dos cristãos olharem para as empresas expositoras e ver qual a real motivação delas no mercado que leva consigo a bandeira do nome de Cristo. Quanto ao nosso Salão Gospel, ele vai existir enquanto Deus quiser, pois é por Ele e para Ele que estamos fazendo tudo isso, se Deus mandou fazer, Ele mesmo é o responsável pelos resultados, portanto, não me preocupo com isso.

O que pensam sobre aliança e parcerias de pastores, músicos e empresários evangélicos com emissoras seculares inclusive na organização de eventos, prêmios, mega shows e feira para esse público. A abertura é positiva?Acham que tudo é válido em nome de levar o evangelho?

MR1: Absolutamente! Basta ler a Bíblia e vão ver que nem sempre os fins justificam os meios! Esse papo que quem não é contra nós é por nós está sendo usado erroneamente. A história do Rei Salomão é um bom exemplo do que as alianças mundanas podem trazer para os projetos cristãos. E o problema não é associar-se a outras pessoas, mas sim uma empresa secularizada ter o controle de coisas que deveriam ser feitas para Deus. Não é errado artistas cristãos aparecerem em rede nacional, mas tudo tem que ser feito para a honra e a glória do nome de Jesus. O evangelho não pode ser vulgarizado a ponto de pastores quase saírem no tapa para aparecerem no jornal das 8... isto sim é errado, a vaidade exacerbada em detrimento da fé genuína. A abertura seria positiva se não fosse a questão da motivação e de todo o contexto que pode terminar em uma secularização da fé.

Como assim? Um exemplo: Uma emissora, nos últimos 10 anos foi de 24 para 14 pontos no Ibope, em contra partida o número de evangélicos quase dobrou... Seria coincidência que nos últimos 3 anos a a mesma emissora tenha investido em cobertura de eventos e inserido artistas Gospel na programação? O problema maior começa quando analisamos que uma feira cristã feita pela mesma emissora é paga com o dinheiro dos cristãos, os festivais Gospel aumentam a audiência e trazem receita de publicidade para a emissora, o que é usado para financiar a programação.

Em outras palavras, ao comprar um estande ou um ingresso numa feira dessas, assistir um programa de TV ou comprar um produto nestes eventos, os evangélicos estão direta e indiretamente financiando com seus dízimos e suas ofertas programas muitas vezes diabólicos, novelas que saúdam demônios, talk-shows, reality-shows, seriados e filmes que transmitem valores e conceitos vulgares e popularescos, onde traições, brigas, separações, maldades, prostituição, e outros conceitos, que estão muito longes de ser uma fonte inspiradora para a família cristã. A verdade é que hoje em dia as emissoras precisam muito mais dos evangélicos que estes delas. Basta ver os resultados que alguns boicotes e opiniões têm obtido a ponto de mudar a grade de programação de algumas emissoras por meio de manifestações nas redes sociais.

É uma nova forma de olhar a democracia. E uma ferramenta poderosa de persuasão em massa, onde estão tentando a velha tática do “pirulito que acalma a criança chorona”, ou seja, vamos dar um espaçozinho para esta nova categoria de pessoas que está crescendo muito e em troca eles vão comendo das migalhas que vamos deixando vez por outra cair da mesa... Cair nessa é para gente inocente demais ou incapaz de um raciocínio inteligente e discernimento espiritual! (Se bem que depois que a pastorada pediu até "heroína evangélica" protagonizando novela, nada mais me espanta nesta vida...).

Na opinião de vocês houveram investimentos significativos no setor com a entrada de grandes gravadoras seculares na música gospel?

MR1: Não, não houve. A mecânica é simples: as grandes gravadoras têm uma cadeia de distribuição maior, recrutaram os artistas que já vendiam bem, colocaram os CDs e DVDs no catálogo e com isso eles ganham mais que os próprios artistas, pois dizer que houve inovações ou alguma contribuição significativa em termos de ações e estratégias é querer tapar o sol com a peneira. A verdade é uma só: a música gospel, ou cristã contemporânea, ou evangélica, etc (tudo isso é a mesma coisa) está vivendo um momento em que tudo é feito de forma bem comercial, sem muita preocupação com o espiritual...

Em 2012 houveram rivalidades declaradas na imprensa gospel e secular entre a Expo Cristã e a Fic. Como vocês se posicionam a respeito disso?M

MR1: Como já disse antes, é uma briga deles e eles que se entendam... Meu papel é orar para que o mercado se ajeite, quem estiver mal intencionado seja arrancado e para que caiam as vendas dos olhos daqueles que querem se aproveitar da inocência e da falta de preparo de um mercado novo, que inflou muito rápido e que está suscetível a ser sugado pela vaidade e falta de visão de alguns de seus principais líderes. Meu foco agora é a segunda edição do Salão Internacional Gospel, entregar uma feira bonita, bem organizada e espiritual. É bem triste esta história, mas a arrogância de achar que tem algo que pertence a Deus é o prenúncio da ruína e não quero isso para a minha vida. Vale como experiência do que não quero para mim.

Quem é hoje o músico evangélico? O que desejam? Procuram a Deus ou ao estrelato?

MR1: Vejo alguns pólos bem distintos: temos uma pequena constelação, onde se faz música para ganhar dinheiro, com refrões comerciais e repetições de fórmulas e frases de efeito, com uma mensagem mais humanista do que cristã, onde o centro é o homem e seus anseios, e não a vontade de adorar ao verdadeiro Deus. Isto é preocupante, ver festivais onde aparecem cristãos com fitinhas na cabeça com os nomes dos artistas é bem esquisito, beira a idolatria. Ver nos shows Gospel as meninas darem gritos histéricos e saírem no tapa por um autógrafo do seu ídolo também é estranho... Os artistas inacessíveis, tudo é muito pop, cachês altíssimos, enfim... Por outro lado, vejo aparecer vez por outra verdadeiros servos de Deus, que fazem o trabalho por amor, que cantam e pregam o Evangelho, adoram a Deus com suas músicas e têm uma visão de abençoar primeiro e depender da vontade do Pai, pessoas que levam consigo a vontade de ser um canal de bênçãos e não um vaso de vaidades. Ainda existem estas “peças raras” espalhadas por aí, e isto me dá um pouco de esperança para o futuro.

Como será o Salão Internacional Gospel 2013?

MR1: Muito bom, inesquecível! Rsrs... Estamos preparando tudo com muito carinho e muito amor, objetivando entregar para Deus e para as pessoas um evento de alto nível, organizado, limpo, bem estruturado e que possa servir de canal para a união, o congraçamento, a capacitação e edificação do Corpo de Cristo. Continuamos com o formato da primeira edição, com a área de exposições, onde ficam os estandes e a praça de alimentação (que hoje conta com a parceria com uma grande rede de restaurantes), e mais 6 auditórios funcionando simultaneamente com congressos, fóruns, apresentações musicais, de dança, teatro, cinema, cultura, arte e informação, muita informação. Este ano ampliamos os seminários, com temas que envolvem empresários, família, música, legislação, valores, conceitos.

Grandes parcerias chegaram para agregar valor e trazer inovações. Abrimos espaço para os pastores e entidades fazerem seus eventos, como cafés, congressos e encontros. O SING Festival, que no ano passado mobilizou novos talentos de todo o Brasil continua com força total. A Exposição Gospel Vinil vai atrair as atenções para esta mídia que está voltando ao mercado, mostrando grandes discos que fazem parte da história da música Gospel brasileira. Bons expositores com produtos e serviços que agregam valor. Muitas surpresas estão sendo preparadas. E o melhor: tudo isso sem cobrar ingresso, com visitação gratuita! Pela primeira vez, uma feira cristã internacional abre suas portas para todos, indistintamente, sem cobrar entrada e com vasta programação.

Trouxemos de Los Angeles o Azusafest, com seminários, palestras e mesas redondas gratuitas e 3 grandes concertos com 3 inéditos artistas norte-americanos, em um formato de apresentações intimistas onde vão apresentar grandes sucessos próprios e da música Gospel americana a uma plateia de 800 pessoas. Uma ideia diferente e inovadora.

Em certa postagem em uma das redes sociais falaram sobre voltar ao primeiro amor, de uma nova geração e da necessidade de um novo avivamento. O que pretendiam dizer?

MR1: Nossa missão enquanto comunicadores cristãos e formadores de opinião é alertar a sociedade quando as coisas não andam bem, propondo melhorias e aprofundando discussões que permitam às pessoas pensar melhor, sentir melhor e viver melhor. Melhorar a vida das pessoas é um desafio cotidiano da nossa profissão e de nosso chamado ministerial. Portanto, é indiscutível que estamos em um momento peculiar do cristianismo no Brasil. Nunca antes houve tantos evangélicos, mas nunca antes também houve tanta apostasia e descaramento. O avivamento verdadeiro é aquele que traz contrição, quebrantamento de coração e convicção de nossa condição de pecadores e de pequenez diante do Criador. Deus está levantando uma nova geração de adoradores, pessoas muitas vezes simples, sem o glamour, a purpurina e os paetês, mas com muita fé, unção e seriedade, e para o Senhor isto é o que importa.

E é por isso que estamos fazendo um trabalho diferente, trabalhando na fonte, no início, com novos talentos, abrindo as portas para novas possibilidades e novas aventuras musicais, artísticas e culturais. Não me preocupa se vai vir à feira a empresa A, B ou C, pois isto vai acontecer cedo ou tarde, é o fluxo normal deste tipo de negócio. Uma feira de sucesso não se faz em duas ou três edições (quanto mais na primeira, como apregoam por aí que são “o melhor e o maior evento gospel” se nem aconteceu ainda? Mentir vale? Quem é o pai da mentira?), mas sim com um trabalho contínuo, vivo, intenso e genuíno. Ainda mais quando se tem a responsabilidade de falar diretamente com a alma e o coração das pessoas! Tem que ter respeito pelo mercado e responsabilidade para com os cristãos.

Existe uma polêmica entre os nomes música gospel e música contemporânea crista? Podem falar sobre isso?

MR1: Eu me divirto bastante com esta história... (risos)... as pessoas se prendem tanto aos rótulos, perdem tempo discutindo tanto a terminologia que se esquecem do propósito da mensagem! Tanto faz colocar o nome de música gospel, cristã contemporânea, evangélica, protestante... Em termos de qualidade da mensagem e técnica a tampa é o que menos importa, o que vale realmente é o que está dentro do frasco. Vejo artistas que se denominam Gospel serem usados por Deus e darem um ótimo testemunho, assim como vejo alguns “santos músicos cristãos contemporâneos” cantarem lindas canções sacras na igreja e depois do culto ficarem cortejando as irmãs com sua bela voz, ávidos em levar as pobres ovelhinhas para o seu covil de lobo mal... Assim como vejo músicos contemporâneos cristãos sérios, maravilhosos, profissionais exemplares e comprometidos com a causa e cantores gospel que fazem de tudo para enganar os fiéis e ganhar dinheiro e fama em cima da fé alheia... Ou seja, em tudo têm os bons e os maus, o joio e o trigo.

Para onde caminha a musica gospel e os evangélicos brasileiros ? Na opinião de vocês o que vai acontecer no futuro?

MR1: O futuro a Deus pertence! Se a igreja brasileira não olhar para a cruz e repensar muita coisa, podemos ter a maior comunidade evangélica apóstata do mundo, um futuro que não gostaria de ver nem de perto para os meus filhos. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, a tecnologia e as possibilidades aumentam dia a dia... Ser cristão verdadeiro no século XXI não é nada fácil. Tudo é muito abstrato ainda e as coisas mudam em uma velocidade tão incrível que se a gente piscar mais de uma do que deveria corre o risco de perder um detalhe importante. A informação corre muito mais rápido e a tecnologia móvel mais popularizada nos torna pessoas mais plugadas, mas também menos sociáveis, e isto reflete diretamente no modo e no estilo de vida das famílias e das igrejas. Se não nos adaptarmos a estas mudanças, corremos o risco de perder a essência da mensagem, pois a internet possibilita uma enxurrada de bons artigos e de muitas heresias que podem enganar facilmente qualquer pessoa com menor aporte de conhecimento.

A própria facilidade de se carregar a Bíblia no bolso esquerdo (no smartphone ou tablet) é uma armadilha que faz as pessoas preguiçosas e tira o encanto do estudo, do livro, etc. A tendência é a gestão do conhecimento e não o armazenamento do conhecimento. Ou seja, em pouco tempo poderemos ter crentes que já não conhecem mais a Bíblia, mas que se preocupam apenas em saber onde encontrar os textos e os estudos e, isto, pode afastar as pessoas de Deus. É bom que os pastores e líderes se preparem para isso, pois o futuro pode estar bem mais presente que o passado anunciara...

Que mensagem gostariam de deixar para os leitores do Supergospel?

MR1: Que pensem, que ajam e que vivam de acordo com a vontade de Deus para suas vidas. Que não se deixem levar pelos ventos de doutrina e nem pela vaidade profana de cultuar o próprio ego em detrimento da verdadeira adoração a Deus. Que busquem ter um relacionamento real e íntimo com o seu Deus, pois só assim é que poderão estar livres de verdade: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Que busquem sempre fazer coisas que agradem a Deus. A sã doutrina é suficientemente eficaz quando bem aplicada e o Espírito Santo, quando permitimos, é capaz de transformar pessoas falhas e cheias de defeitos em instrumentos usados por Ele para o engrandecimento do seu Santo nome e como canal abençoador de outras vidas. Valorizem a família e os conceitos cristãos. Sejam fiéis no pouco e o Senhor os colocará no muito. Não abram mão de pensar e de questionar, de fazer valer seus direitos como cristãos e como cidadãos e peçam sempre sabedoria e discernimento para que possam ser protegidos das armadilhas de pessoas que porventura venham a querer se aproveitar de vocês para benefício próprio. E, finalmente, que orem muito pelo Marcelo Rebello e pela Luciana Mazza, para que possam estar sempre dentro da visão de Deus para as suas vidas e que o Salão Internacional Gospel possa sempre ser um canal de união, comunhão, congraçamento, edificação, capacitação e que o nome de Jesus Cristo seja sempre honrado nesta feira.

A Cristo toda a honra e toda glória, sempre, pois Ele não divide sua glória com ninguém. Um grande abraço a todos e nos vemos de 19 a 21 de Abril, das 14:00 às 20:30 horas, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo!

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